Ex-presidente chamou o julgamento de “inquisição” e mandou os seguidores ficarem de olho na TV. Promete responder tudo. Para desespero dos advogados
Por Matheus Pichonelli
Jair Bolsonaro e outros sete réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista serão ouvidos, a partir desta segunda-feira (9).
O primeiro a falar será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator da turma. Na fila estão os ex-ministros Augusto Heleno, Walter Braga Netto, Anderson Torres e Paulo Sergio Oliveira, o ex-chefe da Marinha Almir Garnier e o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.
Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, Cid foi o elo entre Bolsonaro e os grupos políticos e militares que elaboraram um plano, antes e depois das eleições, para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
O início do julgamento foi destruidor, até aqui, para Bolsonaro.
Testemunhas de defesa e acusação confirmaram diversos encontros com o então presidente para debater um decreto para a instauração de um estado de sítio e até a anulação das eleições.
O depoimento mais demolidor até aqui foi o do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica e um dos chefes das Forças Armadas que se reuniram com Bolsonaro para tratar do assunto.
Uma das ideias era prender os ministros do STF. Dois dos chefes militares avisaram que não topariam a empreitada. Um deles lembrou que Bolsonaro poderia ser preso se a proposta avançasse.
Não convencido, Bolsonaro decidiu vender a pauta para os subordinados dele, quebrando a hierarquia militar na tentativa de desossar as instituições democráticas.
Nos celulares de outros envolvidos, a conversa foi além. Em certo momento, o núcleo operacional tentou colocar em prática um plano para matar Lula e Geraldo Alckmin, presidente e o vice eleitos, e Alexandre de Moraes, então chefe do Tribunal Superior Eleitoral.
Agora os autores intelectuais da trama se sentarão frente a frente ao antigo alvo.
Bolsonaro ou quatro anos do mandato atacando as urnas eletrônicas – as mesmas que o elegeram em 2018, junto com os filhos e a bancada do PL, seu partido –, o Judiciário e Alexandre de Moraes, a quem chamou em público de canalha e prometeu que não acataria mais nenhuma decisão.
Poderá mostrar agora que mudou de ideia. Ou não.
Bolsonaro será o sexto a ser interrogado.
Ele já chamou o julgamento de “inquisição” e mandou os seguidores ficarem de olho na TV.
Promete responder tudo o que lhe for perguntado.
Se vai seguir o script combinado com os advogados, Paulo Cunha Bueno e Celso Vilardi, é uma incógnita.
Das últimas vezes que falou só o que lhe dava na venta, produziu uma série de provas contra si. Elas estão nos registros de seus quatro anos na Presidência.
Às vésperas do interrogatório, Bolsonaro foi ear em São Paulo, onde ficou hospedado no Palácio dos Bandeirantes. Caminhou e tirou fotos com fãs na Faria Lima e em uma padaria nos Jardins.
A ideia era mostrar serenidade e algum apoio popular.
Antes de se sentar oficialmente no banco dos réus, ele já estava sob escrutínio. Era o julgamento da História.
Governador de Goiás destaca apoio de Wagner e demais prefeitos à pré-candidatura da senadora ao Palácio Araguaia
Da Assessoria
Presente na 35ª Cavalgada de Araguaína - maior evento do mundo no gênero – neste domingo, 8 de junho, o governador de Goiás e pré-candidato a presidente da República, Ronaldo Caiado (União Brasil), deu total respalda para a senador Professora Dorinha Seabra (União Brasil), pré-candidata a governadora do Tocantins.
“Não há ninguém mais preparado aqui no Tocantins do que Dorinha. A gente aprende muito no Legislativo. Fui deputado federal, fui senador da república, a mesma trajetória que a Dorinha, até chegar ao governo. Você vê que Goiás hoje é um Estado que todo mundo tem como referência na segurança, na educação, que é a área dela”, destacou Caiado.
Segundo o governador, Dorinha está mais do que preparada para comandar o Estado. “Ela tem experiência e ao mesmo tempo tem credibilidade para liderar o processo aqui (de melhoria do Tocantins)”, frisou o Caiado, ao ressaltar ainda o apoio do prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues (União Brasil), e de outros prefeitos do Estado.
Importância dos prefeitos
Caiado revelou, inclusive, recente conversa com o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), na qual o gestor municipal defendeu a articulação de uma grande união com o objetivo de eleger Dorinha.
Além dos prefeitos de Araguaína e Palmas, Dorinha conta ainda com o respaldo dos gestores municipais de Gurupi (Josi Nunes), Porto Nacional (Ronivon Maciel), Paraíso (Celso Morais), de Colinas (Dr Kasarin) e outras dezenas de chefes de Executivo municipais do Tocantins.
Pessoa ideal
“Nós estamos com um grande projeto em prol da Dorinha. Tenho certeza que ela é a pessoa ideal para comandar um processo para fazer o Estado crescer ainda mais. O Tocantins só tem a ganhar com a Dorinha, uma mulher que dedicou a vida pública a melhorar a educação e a vida das pessoas”, frisou o prefeito Wagner Rodrigues.
Wagner também deixou claro seu apoio ao projeto de Ronaldo Caiado, também colega de partido. “É o Caiado no Brasil e a Dorinha aqui no Estado. Os dois são o caminho para o progresso”, finalizou.
O caso veio a público quando o deputado federal e então presidente do PTB Roberto Jefferson foi acusado de chefiar um esquema de corrupção
Com Estadão Conteúdo
O Mensalão foi um dos maiores escândalos da história política do Brasil, revelado em 2005, há exatos 20 anos. Era um esquema de pagamentos mensais a parlamentares para garantir apoio político ao governo Lula, envolvendo políticos do PT e de partidos aliados.
O caso veio a público quando o deputado federal e então presidente do PTB Roberto Jefferson foi acusado de chefiar um esquema de corrupção nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil, em maio de 2005. Acuado, Jefferson atribuiu à cúpula do PT a negociação de cargos e o ree de dinheiro, como uma mensalidade – daí o termo “mensalão” – a deputados da base aliada como forma de comprar apoio de parlamentares do Congresso Nacional.
A sentença prevê uma pena de 10 anos de reclusão, em regime inicial fechado; deputada participou de ataque que incluiu falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes nos sistemas do CNJ
Ele revelou que um dos operadores do esquema era o publicitário Marcos Valério, sócio das agências de publicidade DNA e SMP&B, que mantinham contratos com órgãos públicos. Outro operador seria Delúbio Soares, tesoureiro do PT. Segundo Jefferson, os dois agiam sob as ordens do nome mais importante do primeiro mandato do presidente Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal ocorreu em 2012, com a Procuradoria-Geral da República pedindo a condenação de 37 dos 40 réus.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o professor José Álvaro Moisés, do Instituto de Estudos Avançados da USP, disse que o Mensalão e outros escândalos que vieram à tona depois são sintomas de um sistema de governo em que o Executivo precisa do apoio de partidos fragmentados e enfrenta uma progressiva perda do controle do orçamento para o Congresso. “O presidencialismo de coalizão colapsou”, afirmou Moisés.
Por Carla Araújo, Letícia Casado
O ex-presidente foi questionado especificamente sobre o trabalho do filho para incluir Moraes dentre os penalizados pela Lei Magnitsky. Essa legislação é aplicada para pessoas acusadas de corrupção ou violação de direitos humanos —é com base nesse segundo argumento que Eduardo Bolsonaro tenta penalizar o ministro.
"Indagado como ocorreram as ações com Eduardo Bolsonaro ou com terceiros nos Estados Unidos sobre a possibilidade de aplicação da Lei Global Magnitsky contra autoridades brasileiras, respondeu que somente conhece essa lei de forma superficial; que não realizou qualquer tipo de ação para aplicação da referida legislação contra autoridades brasileiras", informa o documento.
Como funciona a punição por essa lei
Em março, ao anunciar que se licenciaria do mandato para ficar nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro anunciou oficialmente que estava trabalhando por essa punição específica contra o ministro do Supremo.
"Cada vez mais o Alexandre de Moraes vai ficar famoso aqui nos Estados Unidos. Acho que dificilmente ele vai conseguir escapar dessas sanções, seja do visto, seja de uma que venha pela lei Magnitsky, que é dada a abusadores e violadores de direitos humanos. Isso, para que as pessoas entendam, é a chamada morte financeira, é a pena de morte financeira. Ou seja, Alexandre de Moraes não vai conseguir sequer ter um cartão Visa ou Mastercard para comprar uma blusinha da Shein, que venha da China. Esse vai ser provavelmente o futuro do Alexandre de Moraes", disse Eduardo.
A lei Magnitsky permite que o governo americano adote sanções migratórias, financeiras e comerciais contra autoridades que cometam violações de direitos humanos ou envolvidas em casos graves de corrupção. As punições podem incluir bloqueio de bens e de contas bancárias, e a pessoa fica proibida de manter aplicações financeiras naquele país.
A maioria dos brasileiros considera que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, deveria abandonar de imediato a retórica de que será candidato à Presidência da República em 2026 e apoiar outro nome na disputa. É o que aponta a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 5
Por Zeca Ferreira
Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados afirmam que Bolsonaro “deveria abrir mão da candidatura agora e apoiar outro candidato”. Entre os eleitores de direita, 55% compartilham dessa opinião. Já entre os eleitores bolsonaristas, o percentual cai para 38%.
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada com 2.004 entrevistas presenciais em 120 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Questionados sobre quem deveria substituir Bolsonaro nas eleições de 2026, os nomes mais citados foram o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com 17%, e o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com 16%.
Na sequência aparecem o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com 11%; o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que também está inelegível, com 7%; o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com 5%; o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, com 4%; e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 3%.
A pesquisa também revelou que, atualmente, 45% dos brasileiros têm mais medo de uma eventual volta de Bolsonaro à Presidência do que da continuidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que preocupa 40% dos entrevistados.
Outro dado do levantamento é o crescimento de Tarcísio em um cenário de segundo turno contra Lula. Nesse cenário, Lula aparece com 41% das intenções de voto, e Tarcísio, com 40%. O resultado representa um avanço de três pontos percentuais para o governador paulista em relação à pesquisa anterior, divulgada em março.